Thursday, July 26, 2012

LOOKING GLASS DISCOTHÈQUE (1978)

01. Lenny Williams - Changes
02. Wayne Henderson - Foot stompin' music
03. Saragossa Band - Disco boogie, boogie
04. Denise LaSalle - The bitch is bad
05. Al Green - All N all
06 - Wayne Henderson - Reggae disco
07. Steam - Na, na, hey, hey, (Kiss him goodbye)
08. Ruby Andrews - I wanna be near you
09. Al Hudson - If you feel like dancin'
10. Bebu Silvetti - Love secrets

Texto da contra-capa do Lp Looking Glass Discothèque:

Porto Alegre foi fundada sob a égide de Porto dos Casais e assim também surgiu sua noite. Os divertimentos noturnos da cidade sempre foram feitos na base de dois prá cá dois prá lá. Do que me resta na memória, era a “American Boite” que apresentava Luz Del Fuego e suas cobras, entre os tangos, e Eros Volúsia, evoluindo por meio dos boleros; sempre música ao vivo, from Argentina; as mulheres, todas portenhas, recém-chegadas de Buenos Aires, e, no entanto naquele tempo ninguém falava de música importada.
Porto Alegre aumentou, o Guaiba poluiu mais, o tráfego incrementou e surgiram as ‘boites’, no princípio só para namoricos escondidos do papai e da mamãe. Era a “Côte d’Azur” e o “Piano Drink”, uma musiquinha de fundo era o bastante para animar qualquer papo.
Depois surgiu o homem que fez a noite em Porto Alegre – Ruy Sommer. Contando com o novorriquismo dos novos casais, fundou o “Encouraçado Butikin”. Toda gente boa passava por lá, quer fosse salão, palco ou picadeiro; grandes festas, grandes vestidos e grandes reputações se fizeram. Aí desaparece o “Society”, que morreu careca de tantas caras e bocas e tanto cheque sem fundos.
Neste interregno de tempo, Sérgio Bini voltou de Roma desfazendo seu casamento com Donatella Zegna Baruffa e com porte do espólio do casamento montando um cabelereiro masculino-feminino: sucesso, champanhotas, coque banana, cabelo estufado...
Mas derrepente e não mais que de repente, este moçoilo enveredou por sendas nunca dantes trilhadas; inventou uma coisa que a cidade não sabia exatamente o que era. A palavra DISCOTHÈQUE ainda soava bem nos ouvidos gauchescos. Pararam para ver. No princípio meio assustada, a velharada começou a arriscar uma dança, começaram as caras e bocas a pedir tratamento personalizado e bebidas raras. Felizmente não agradou porque o gênero era jovem. Não necessariamente de idade, mas uma juventude que vem de dentro, como a disposição da brincadeira, a zorra da roupa, a alegria inata de quem curte uma discothèque para divertir-se mesmo.
Morto o Rei viva o Rei, morta a boite viva a discothèque!
O mundo mudou e se não mudarmos vamos acabar dançando sozinhos. Chegou Sérgio Bini para salvar a cidade e o Porto que não é mais dos casais e sim da Discothèque
LOOKING GLASS!

Tatata Pimentel
“A memória da noite portoalegrense”